Talvez nosso maior erro seja justamente o de julgar aquilo que nos é diferente, aquilo que nos é inusual.
Tudo bem se aqueles a quem julgamos nos seja caro e esse julgamento se transforma então num conselho para aqueles a quem prezamos. Uma justificativa,no entanto, uma saída para que sempre possamos então opinar e revelar posições que julgamos adequadas.
Onde então que está escrita essa lei do correto? Que consciência devastadora nos obriga ou nos desculpa para nos sentirmos tranquilizados a julgar? O correto não se inscreve em lápides, e o essencial é invisível aos olhos.
Muito bem, isso talvez signifique que cada um de nos devíamos administrar nossa própria vida e deixar de olharmos para o lado. No entanto, viver é estar rodeado de outras vidas e estas vidas, na maioria das vezes, se relacionam ou interferem na nossa, até mesmo inconscientemente.
Novamente uma sentença inexata, um fato sem receita, uma roda que nunca cessa.
Eu penso (e vejam bem, ! EU PENSO! E isso não significa que seja uma verdade absoluta, ao contrário, é um refletir de apenas uma consciência, e nem por isso irrefutável) que tudo se baseia no respeito. Podemos viver em harmonia se cada um puder viver e se expressar em liberdade, sendo observado o respeito de outrem para conosco. Seria tão simples se simplesmente não tivéssemos os dedos acusadores de uma moral a muito falida e deturpada. Digo isso pela exata razão de que todos nós fazemos aquilo que nos dá prazer, a dificuldade é que muitas das nossas condutas são constrangidas por essa moral inconsequente que nos obriga muitas vezes a usarmos máscaras sociais tolas para não sermos julgados desnecessariamente e agir na surdina para não sermos "difamados".
Na maioria das vezes não o fazemos por nos julgarmos superiores (e há também o auto-julgamento, esse também devastador) e sim por seguir a corrente (se todos podem opinar, por que eu não?) o que nos coloca sempre a mercê da mesma conduta (então por que a surpresa?!).
Com isso volto a bater na mesma tecla, a do respeito.
Não precisamos por isso nos abolir de sermos honestos. Na publicação passada eu falei exaustivamente sobre esse tema, e volto em alguns pontos por que aquilo em que acredito eu gosto de discursar exaustivamente (mea culpa).
Você pode ser franco sem ser por isso ser invasivo. Ouvi recentemente é concordei no seguinte: quando solicitado, opine, mas não justifique sua opinião. A cada um sua dose de honestidade, no momento e na ocasião adequada. Há uma linha muito tênue entre a honestidade e a hipocrisia, devemos estar atentos. Buscar compreender ao invés de cuspir impropérios a todo custo.
Revisitar o que em nós também pode servir de julgamentos externos tambem ajuda a não cairmos em tentação.Poderemos nos impressionar com o resultado.
Pensei nessa problemática por que verifiquei em mim uma mania de apontar. Percebi que estava a muito, me crendo onisciente e sendo levado por essa ilusão a julgar pessoas próximas a mim por puro capricho só pra ter o que falar.
A língua é geradora de preconceitos e criadoras de guerra por vezes evitável se nos dessemos conta da arrogância que nos guia na maioria das vezes.
Somos humanos e propensos a enganos, e está longe o dia em que vamos estar livres desses enganos, ao menos não na sua totalidade. No entanto a reforma íntima é por demasiado complexa e tortuosa, porém necessária. Um passo de cada vez, e sempre em frente.
Enjoy the Silence
De um suspiro de vida vem a inspiração. De uma graça de alegria vem a vontade de viver.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Julgar ou não julgar?!
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Miríade da Verdade
Das relações que criamos com as virtudes possiveis a nós, a mais intrincada e controversa é com a verdade. O que seria mais propenso a desacertos e enganos (se colocados de maneira também enganosa) e o que criaria mais conflitos se não essa relação que cada um temos com ela? Li um livro de pensamentos que falava sobre a verdade mas que se firmava na tarefa de diferenciar verdade de sinceridade. Está última dizia ser sobre a relação que temos com o outro. Se alguém te pergunta se está gordo ou se você achou que aquela roupa não caiu bem, cabe a você querer ser sincero ou não; e verdade (que o autor chama no livro de boa-fé) é fidelidade a aquilo que se pensa e ação para dar cabo a essa verdade. O que dá para entender é que verdade é sermos honestos conosco mesmo. Nem só isso por que eu posso ser verdadeiro comigo mesmo, conhecer minhas limitações, meus defeitos, meus preconceitos mas não agir com verdade. Criar um exterior que seja doce aos olhos alheios, mas que não condiz no que eu acredito. Isso pode ser a longo prazo perigoso por que eu acabo me acostumando a viver o que não acredito e posso em consequência criar uma outra verdade para mim, a verdade plástica, sem conteúdo e sem foco. Não estamos longe de vivenciar isso por que é mais comum às pessoas, criar um enredo falso para a própria vida. É como uma eterna peça de teatro onde os atores viram personagens e se perdem nele. A verdade de que fala o autor desse livro é aquela em que você não se perde em criar marionetes sociais. É aquela que é interior mas que vai refletindo no seu ser para se tornar externa e brilhar como o sol do meio dia. Eu me volto para mim mesmo e compreendo meu ser, minhas crenças, meus defeitos, meus dissabores, minhas máscaras sociais; e a partir dessa compreensão eu espelho no exterior todas esses fatos, e melhoro, e me moldo para não mais me enganar. É claro que essa verdade não é eterna, você deve colocá-lá sempre a prova de outras verdades e com isso talvez até mudar seu objeto mas sua essência, essa fidelidade que vem desde o cerne, que nasce com essa verdade, se mantém a mesma. O perigo de não ser fiel a sua origem transforma essa verdade em pedantismo. Tenho me obrigado a refletir sobre o que eu acredito, sobre o porque penso como penso, da onde surgiu essa ideia é no que ela vem se firmando até hoje. Acho que muitas das pessoas tem hoje em dia convicções ( que nascem de educação preconceituosa e vive de lugares-comuns, do tipo: pau que nasce torto nunca se endireita) e não verdades. Há uma preguiça (e essa tem a aparência de eternidade) de se pensar. As pessoas não procuram refletir acerca de si mesmas e de suas ideias. É pura e simples filosofia, pensar é refletir e essa reflexão nos guia em direção ao auto-conhecimento. As convicções atuam como uma venda interna nos impedindo de nos conhecer e nos tornando ilusórios acerca dos fatos do que somos e porque o somos. Nos enganamos?! Claro, somos humanos, e nossos erros sobrepujam os acertos. Mas a reflexão nos ajuda a não nos iludir com uma possível celebridade do Ser, tira o tampo do engano do auto conhecimento. Os budistas afirmam ter encontrado a felicidade, através do exercício de se voltar para dentro de si mesmo. Não duvido!
Como para tudo na vida, não há receitas e nem prazos para tal resultado, mas o inicio da reforma íntima começa pela base. Se isso tornar-se-á realidade só o tempo pode dizer, mas pelo menos poderemos andar sem a venda do engano.
É impensável crer numa verdade absoluta, só o auto conhecimento nos traz liberdade de ações. E será como perder os grilhões que a séculos aprisionam a felicidade humana.